Quando criança, ouvia as pessoas dizendo que eu era muito criativo. Eu realmente me sentia assim, pois minha mente sempre achava uma forma de transformar um momento chato em uma aventura. Em qualquer situação eu me distraía com algo que parecia mais interessante para mim, como em sala de aula quando eu via um passarinho lá fora eu já criava uma aventura com ele. Já adulto, aprendi que isso ocorria por eu ter uma condição chamada Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, popularmente conhecido como TDAH. Essa condição me limitou em algumas atividades, mas com o tempo aprendi a usá-la a meu favor, e tornei minha vida mais leve e divertida. Escrever me ajudou a manter o foco e permitiu que eu expressasse o que havia em minha imaginação e a tornasse material. Como diz certo personagem divertido: “Foca, meu! Foca!”. Já escrevi crônicas, ensaios e romances, mas quando comecei a escrever sobre um menino com uma mente inquieta e muito criativa, eu me realizei. Eu me enxerguei nele e foi muito gostoso. Esse menino é o Farofinha. Amei criar esse personagem e amo escrever suas histórias, pois, para mim, ele é uma representação clara de como funciona uma mente com TDAH. Além de me realizar escrevendo suas histórias, acredito que o Farofinha poderá ajudar as pessoas a conhecerem uma mente especial como a sua e entenderem que crianças com essa condição não têm falta de inteligência, elas têm uma imaginação muito criativa que as faz desviar a atenção daquilo que esperam delas. E isso não é um defeito! Quando tais crianças são estimuladas da maneira correta, torna possível para elas aproveitar essa imaginação e criatividade para desenvolver visões e soluções inovadoras que podem ser benéficas à elas e para toda a sociedade. Crianças com TDAH precisam dos estímulos certos, que as façam utilizar suas habilidades a seu favor. Farofinha e o apagão é uma obra para divertir e entreter, mas também esperamos que possa ser uma leitura educativa e conscientizadora sobre a realidade de uma criança com TDAH. Sugiro que leiam este livro em família, e convido os pais e avós a ensinarem seus filhos e netos sobre as brincadeiras e atividades que os entretinham na infância e na juventude. Assim, as crianças serão provocadas a viver uma vida real e mais ativa, fortalecendo os laços familiares. Espero que vocês aprendam a gostar do Farofinha, como eu gosto dele.
MV de LuccaAutor de Farofinha e o Apagão